A múltipla vida de Joel Bardeau

“Sensibilité” (sensibilidade), “magnifique” (magnífico), “audacieux” (audaz), “expériences” (experiências) e “intemporelle” (atemporal) são apenas algumas das palavras do idioma do francês Joel Bardeau que possam defini-lo. Embora vamos ver que é impossível obter uma compreensão convicta sobre o fotógrafo, pintor, escultor e muito mais que envolva a sua ARTE. Essa, assim em letras maiúsculas, o elemento que guia Bardeau há décadas. Em 2012, eu estava em Paris e fui em um vernissage dele e uma galeria itinerante em uma das ruas que cercam o Canal Saint-Martin. No ano seguinte, 2013, voltei à cidade para fazer, entre outras reportagens na França, um perfil seu para a revista Exclusive Brasil Mundo. Naquela época, o artista estava em uma fase de fotos de modelos nuas e com o corpo pintado à tinta. Trabalhos belíssimos, mas que em sete anos deram espaço às outras criativas obras. Depois, Joel Bardeau foi viver com sua esposa Alix, em Nova Iorque, onde reside um dos seus dois filhos, mas sempre acompanhado do seu equipamento de fotografia e suas telas e pincéis de pintura, entre todos os outros aparatos e um artista plástico. Agora, está morando no sudoeste da França, próximo à Toulouse, para onde o casal foi para construir um atelier e estúdio residência, que era para ter sido inaugurado em maio passado, mas com a pandemia do Covid-19 ficou para o final deste ano ou 2021.
Mas, o que são palavras para descrever esse universo de referências por ele retratado? O antigo e o novo se confrontam em experimentações de corpos, expressões e técnicas. Bardeau nos enviou trabalhos feitos nos últimos três anos. Eles são de séries ou elementos únicos elaborados para específicas mostras. “Dois pólos estão presentes nessas fotos: meus auto-retratos e os que têm a colaboração de outros artistas. Nesses, conheço outras sensibilidades, descubro perspectivas e universos para criar e trocar juntos, esquecendo qualquer ego pessoal. Compartilhar está no cerne da minha abordagem artística, assim como a ação de denunciar a estreiteza de pensamento, que tende a se impor cada vez mais em nosso chamado mundo moderno. Todas as formas de censura considero inimigas, tanto quanto a compartimentação de gêneros“, explica Bardeau.
A conversa com Joel, traz por ele um mosaico de referências do século passado e deste, da contemporaneidade. Perguntado sobre auto-retrato (e da série que me permiti fazer nesse tempo de confinamento) responde “o interessante e a abordagem que tens e leva ao confronto com o fotografar a si próprio. Isso significa uma ação muito bonita e poderosa, portanto, artística ao mais alto nível. Zoran Music (1909-2005) escreveu ‘se estivesse diante de um espelho, apenas copiaria a minha máscara. A duplicação é a própria condição do artista. Ele é o seu primeiro espectador‘ “. Bardeau cita o artista esloveno, pintor, desenhista, gravurista e uma referência também em “autoportraits“.
Lá em 2013, quando entrevistei Joel Bardeau pela primeira vez, perguntei o que o motivava para fotografar. Ele falou que direto era a música do cantor e ator americano Tom Waits. Agora, sete anos depois, refiz a questão. “Quando estou trabalhando ainda escuto muito Tom Waits, mas também Mozart, Puccini, Verdi, cantores franceses como Arthur-H, Jacques Higelin, Christophe e também Beatles e todos os grandes grupos dos anos 60 e 70, assim como talentosos jovens cantores. Mudo de estilo porque tento cada vez mais trabalhar em mim mesmo e estou mais preocupado com a morte e a vida, sendo meu alvo principal um corpo orgulhoso por estarmos vivos. Eu me inspiro em tudo ao meu redor, nas pessoas, na música, na pintura, escultura etc … Eu brinco com as peças de um quebra-cabeça em meu cérebro“.
Todas as fotos seguintes têm a assinatura e os direitos de Joel Bardeau
Instagram joel.bardeau.photo
Website : www.joelbardeau.com













