“A Vida não me Assusta” recebe lançamento no Brasil e traz a união de Angelou e Basquiat em manifesto contra o medo

“A Vida não me Assusta” (Life Doesn’t Frighten Me) é o livro que uniu dois talentos da cultura negra norte-americana, a escritora e ativista Maya Angelou (1928-2014) e o artista plástico Jean-Michel Basquiat (1960-1988.) Lançado nos Estados Unidos há 25 anos, apenas agora recebe edição brasileira, pela Editora Caveirinha – e se torna imperdível para crianças e adultos, já que mostra o quanto o medo pode ser terrível e um fator limitante na vida. O encontro dos dois não aconteceu para a obra. As ilustrações de Basquiat, que ficou conhecido no início dos anos 80 no cenário pop nova-iorquino por seus grafites, não foram feitas para a obra, criada cinco anos após sua morte pela fotógrafa Sara Jane Boyers. Ela que viu que as pinturas de Basquiat, aterrorizantes e lúdicas, de acordo com a violenta Nova York daqueles anos, tinham a ver com a poesia de Maya sobre um mundo assustador que pode ser proveniente dos próprios medos incutidos.
O livro é uma bela maneira de trazer a riqueza da arte de Basquiat – que ganhou exposição em algumas capitais brasileiras este ano – a profundidade do poema – que existia antes dessa compilação feita -e o combate àquele que pode ser o cerne para os maiores problemas gerados pela mente humana: o medo. Se é para falar sobre o temor que mesmo de modo involuntário – ou mesmo já vindo no hereditário (a psiquiatria explica) e o quanto isso destrói vidas, pode ser feito um tratado de páginas e páginas. Não é o caso aqui, mas fica o alerta. E o livro vale para isso.
Eu tinha uma impressão da obra de Angelou por “pílulas”de auto-ajuda, muitas que, graças ao ser superior que você acredite, não são de sua autoria. Militante da causa racial e ativista de maior importância, ela nunca foi tola a ponto de ter versinhos relacionados à corações em redes sociais. Conheci “Life Doesn’t Frighten Me” há cerca de 12 anos em uma tarde na incrível Livraria Artazart, em Paris, atraído pelo desenho de Basquiat. E ali “ganhei”algumas horas.