“É morto Bernardo Bertolucci” – um dos últimos mestres do cinema italiano

Bertolucci dirige Brandon e Schneider em “O último Tango em Paris”
“É morto Bernardo Bertolucci!”. Dessa mesma maneira que aqui escrevo, anunciei em 1993, a morte de ‘il maestro’ Federico Felini (1920-1993), no jornal diário para o qual eu escrevia no caderno de cultura. O título foi redigido em italiano porque me trazia todas as referências daquela genialidade dos diretores italianos. Falo porque hoje hoje foi dito sobre a passagem do cineasta pelo qual sou um aficionado por sua obra. Quando tinha 10 anos tive conhecimento de Bertolucci pela proibição no Brasil de “O último Tango em Paris“, um de seu muitos filmes geniais e que fomos privados – aqui, em terra brasilis- de assistir até o início da transição da abertura política, no início dos anos 80. “O último Tango…” ficou célebre justamente pela caretice com que o mundo olhou para uma única cena – e de grande significância – que envolvia os personagens dos atores Marlon Brando e Maria Schneider e um tablete de manteiga.
Ir ao cinema ver um Bertolucci foi um ganho que a minha geração (claro que teve gente que passou a época sem ter esse conhecimento) teve. E com certeza, um elemento cultural e libertário da mente. Inteligência é uma palavra de ordem aqui? Sim, essa não dissociada da cultura adquirida. Não será arrogância dizer que tenho em italiano sobre “ïl regista” assim como filmes como “O Conformista” (1970) – só aqui já dá vontade de parar tudo e colocar o dvd. Não me deterei em seus inúmeros “capolavori” (obras-prima) pois estarei fazendo em próximos posts um dossier de sua obra. Há poucos dias, coloquei no stories do Instagram uma foto de “1900” ( de 1976), seu filme com cinco horas de duração (foi dividido em duas partes).
Michael Pitt, Eva Green e Louis Garrel em “Os Sonhadores”
Tem que se falar nos primeiros, “Antes da Revolução“, “La Commare Secca” (com a colaboração de Pier Paolo Pasolini, mas sua importância está em muitos e muitos filmes. Da política (sempre e em seus diversos formatos), ao flerte com o surrealismo em “A Estratégia da Aranha” (1970), ao também polêmico “La Luna“(1979). Por “O Último Imperador” ganhou o Oscar de Melhor Diretor e roteiro em 1987. É uma super produção e um dos “erros” para um realizador da altura dele.
Mas, com certeza, para uma premiação não tão considerável como o Oscar era um “banho de cinema”. Ele voltaria a esse tipo de filme em “O Pequeno Buda” (1993). “O Céu que nos Protege” (1990) traz um momento supremo e ele manteve suas características políticas e sócio-comportamentais em obras como “Beleza Roubada“(1996), “Assédio“(1998), “Os Sonhadores” (2003)(talvez dessa época, desde Ò Céu…’ um dos melhores ao narrar um jovem triângulo amoroso em maio de 1968). Seu último filme foi “Io e Te” (2012). Passou um tanto desapercebido, mas a verve de Bertolucci se mantinha. Indimenticabile !