Fundação Iberê Camargo recebe uma das “aranhas” de Louise Bourgeois mas sua arte vai além do que essas gigantes esculturas

Imagem: Louise Bourgeois. Spider (Aranha), 1996. Itaú Cultural. Foto © Edouard Fraipont
A Fundação Iberê Camargo traz ao público até o dia 28 de julho a escultura “Spider”, uma da das seis aranhas espalhadas de modo fixo ou itinerante pelo mundo e iniciadas em 1996 pela artista franco-americana Louise Bourgeois (1911-2010). A aranha presente na capital gaúcha é de bronze, pesa 700 quilos, tem 3,5 metros de altura e oito longas patas. Muitas são as leituras psicanalíticas na arte de Louise. No caso dos seus aracnídeos é definida uma consagração à personalidade forte e protetora de sua mãe, Josephine, falecida quando Louise tinha 21 anos e já vivia em Nova Iorque (onde se radicou aos 17). Em principal à versão “Maman”, instalada em Ottawa, no Canadá.
Paixão, sonhos, medos, rejeições, fantasmas familiares, morte e sexo são alguns dos elementos do universo por ela criado e reconhecido apenas após os seus 71 anos de idade, em 1982. E isso devido à foto assinada naquele ano por Robert Mapplethorpe (1946-1989), na qual a simpática senhora segura embaixo do braço a estatueta de um falo.
O registro tornou-se uma obra de arte não só por ter sido feita pelo incensado fotógrafo da cena underground nova-iorquina, mas pela modelo, que naquele momento estava no auge de sua ousada produção, o que manteria até sua morte, aos 98. Em sua elogiada criação estão os elementos psicológicos. Na infância, compartilhou dentro de casa o relacionamento extraconjugal do pai com a governanta e com outras mulheres. Analisada desde essa época, na idade adulta teve publicado o livro A Destruição do Pai Reconstrução do Pai(Editora Cosac Naify), uma coletânea de entrevistas sobre sua vida e obras. Mas tudo veio à cena com a foto de Mapplethorpe dela vestindo um simbólico casaco de pele e o explícito pau.
Pedro Almodóvar, que no momento está no páreo no Festival de Cannes, com “Dor e Glória<“, fez um tributo à Bourgeois, em referências explícitas ao seu trabalho no filme “Apele que Habito”, de 2011. Essas estão em características como as aranhas na roupa cirúrgica do personagem Vera (Elena Anaya) e assinada por Jean-Paul Gaulthier, na cópia da peça Fragille Goddess, nas reproduções de esculturas como Seven in a Bed, Femme Maison, ou em movimentos nos corpos do personagens que remetem ao trabalho ArchofHysteria. Veja “Spider”, mas entenda que Bourgeois é infinita.
Horários
Quarta a domingo, das 14h às 19h
Último acesso às 18h30
Entrada Gratuita
Endereço
Av. Padre Cacique, 2000
Porto Alegre RS
Tel.:
+55 51 3247 8000