Jean Seberg: Beleza, musa da Nouvelle Vague, ativismo pelos Panteras Negras e a perseguição e morte há 41 anos

A morte de Jean Seberg tem duas datas: 30 de agosto e 8 de setembro de 1979. Uma considera o dia que teria acontecido e a outra quando o corpo foi encontrado no carro da atriz (enrolada em um cobertor no banco traseiro), em uma rua próxima ao Rio Sena, em Paris. Se a partida da musa do cinema francês tem a dubiedade em sua data, pode se dizer que a ambiguidade esteve presente em diversos momentos de sua curta e intensa vida de 40 anos. Ao lado do seu cadáver, os peritos encontraram um vidro de barbitúricos e um bilhete suicida. Jean trazia um histórico de internações e o eterno chavão machista de “mulher linda e problemática”. Mas se esses atos já eram criminosos em relação a ela, tinha a perseguição cruel por parte do FBI por ela ter se relacionado com um dos nomes fortes do movimento Panteras Negras, Hakim Jamal, e ter doado quantias significativas para a causa antirracista. O FBI criou a notícia falsa de que o bebê que Seberg estava esperando era de Jamal. A pressão negativa por parte da opinião pública foi tamanha que a levou a um estado depressivo e teve o parto prematuro da menina Nina, que viveu por dois dias. Existem controvérsias sobre esse relacionamento com Jamal ter se concretizado. Ela era casada na ocasião com Romain Gary, com quem havia tido o filho, Diego, em 1962. Gary, que se suicidou no ano seguinte, acusou de forma direta ao FBI pela morte de Jean. O FBI anos declarou ter criado a campanha difamatória e ter perseguido Jean.
Jean era a atriz que foi para Paris fazer teste com o diretor Otto Preminger, quando tinha 17 anos e 11 meses, para ser Joana D´Arc em “Santa Joana“. Depois, Seberg declararia que, durante as filmagens, Preminger foi um carrasco e que teria sido o causador de suas queimaduras ocorridas durante uma das tomadas da cena da fogueira. Mas em 1958, ela seria mais uma vez dirigida por ele como a protagonista adolescente de ‘Bom dia, tristeza“, baseado no best-seller “Bonjour Tristesse” de Françoise Sagan. Muitos a consideravam bela demais e não boa atriz. Ao mesmo tempo, os jovens cineastas do movimento Nouvelle Vague enlouqueceram pelo que eles viam como “um misto de beleza, espontaneidade e juventude” de Seberg. E ela se transformou em 1960 na garota americana vendedora de jornais no clássico dos clássicos franceses, “Acossado (À bout de souffle)“, ao lado do então já astro Jean-Paul Belmondo, dirigido por Jean-Luc Godard e com roteiro de François Truffaut, apenas! Agora, ela era um símbolo francês. Foram 30 filmes e uma vida pessoal de superar qualquer drama. As informações desse texto são de conhecimento pessoal e do documentário de Mark Rappaport “From the Journals of Jean Seberg” (1995).
Jean Seberg e Belmondo em cena de “Acossado”