“Plata Quemada” completa 20 anos e mantém vigor que ressaltou o cine argentino

O filme “Plata Quemada“, de Marcelo Piñeyro, completou nesse mês de maio 20 anos do seu lançamento e continua sendo um destaque dessas últimas décadas que fizeram com que excelentes produções argentinas ganhassem reconhecimento mundial. Pineyro já havia guiado películas de sucesso no país e tinha sido o diretor de produção do premiadíssimo “A História Oficial“, de Luis Puenzo, que, entre as muitas estatuetas nos mais festejados festivais, levou em 1986 os Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz para Norma Aleandro. Depois, vieram incontáveis títulos que chegaram a criar a denominação (positiva) do “cinema argentino”. Ok, podemos citar “O Filho da Noiva” (2001), de Juan José Campanella, “O Segredo dos seus Olhos” (2009), também dirigido por Campanella e vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010; “Relatos Selvagens” (2014), de Damián Szifron; “Nove Rainhas“(2000). de Fabián Bielinsky; “O Clã“(2015), de Pablo Trapero, apenas para dizer alguns.
E que emoção ver “Plata Quemada” após esse tempo (e eu não havia mais visto desde a estréia no Brasil)! Um triller feroz e envolvente, de amor marginal e que hoje ainda mostra um impacto renovador na narrativa e mesmo que essa traga as características do filme noir. Baseado em fatos reais, ocorridos em 1965, conta com três personagens envolvidos em uma sangrenta história de um assalto: Nene, Ángel e El Cuervo, vividos, respectivamente, por Leonardo Sbaraglia, Eduardo Noriega e Pablo Echarri. Nene e Ángel vivem uma paixão voraz e conturbada, em principal pelo segundo que escuta vozes e sofre de uma culpa por sua homossexualidade. Em meio a esse clima sombrio transita um elenco em sintonia em uma perdida busca de felicidade. Tudo em uma reconstituição perfeita de época dos anos 60 e uma musicalidade fascinante, recheada de tangos (no início aparece a cantora Adriana Varella, que participou de algumas edições do Porto Alegre em Cena), rock, jazz e canções românticas, sejam em espanhol, italiano ou inglês. A trilha sonora original assinada por Osvaldo Montes transita entre o tango e a milonga. Uma película vibrante!
Leonardo Sbaraglia à frente e entre Pablo Echarri (esq.) e Eduardo Noriega (dir.)