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Sobre Susan Sontag

Existem dias em que você é levado a descobrir, resgatar pessoas, pensadores, personalidades. Ontem, estava lendo uma edição da “Edit by Getty Images” e me detive em texto no qual a fotógrafa Polly Borland contava da sua experiência ao clicar a escritora, pensadora e ativista dos direitos humanos Susan Sontag (1933-2004). Polly narrava a intimidade de Susan perante a câmera. Mais tarde, ao garimpar filmes me deparei com o documentário “Sobre Susan Sontag (Regarding Susan Sontag)”, dirigido para a HBO por Nancy Kates, em 2014. Uma procura em minha estante e encontro “O Benfeitor”, o primeiro romance de Sontag, escrito no início da década de 60 e lançado no Brasil pela L&PM. A obra não seria a mais bem sucedida de crítica e público e não prenunciaria o fenômeno Sontag no mundo intelectual das quatro décadas seguintes.

Intelectual midiática. Ícone pop. Talvez Susan tenha dado sentido a termos que se tornariam pejorativos em outros escritores, mas não com ela. Precoce na erudição, era uma mulher de uma cultura vasta, incrível e sem preconceitos, já que acompanhava a evolução da sociedade pop, consumista e a liberdade de costumes. Sua verve, por muitas vezes furiosa, trouxe ao mundo estudos, ensaios e ficções como “Notas sobre Camp”, “Contra a Interpretação”, “Sob o Signo de Saturno”, “Sobre Fotografia”, “AIDS e suas Metáforas”, “Na América”, “O Amante do Vulcão”, entre muitos outros. Dividiu sua vida entre Paris e Nova York, a cidade onde nasceu e a única que dizia conseguir viver nos EUA. Escreveu roteiros de filmes de ficção científica – o que era considerado muito pop para uma pensadora do seu porte, foi atriz em filmes da “nouvelle vague”, foi fotografada por Andy Warhol. “Hoje tudo existe para terminar numa foto”, profetizaria ela nos anos 70, quando o mundo nem pensava no advento do instantâneo  do celular.

“As duas formas pioneiras da sensibilidade moderna são a seriedade moral judaica e a ironia associada à estética homossexual”, declarou Susan, que era Rosenblatt por parte de pai, que morreu quando ela tinha cinco anos. O Sontag veio do seu padrasto. Aos 17 anos,  ela casou com o historiador Phillip Rieff , a quem tinha conhecido 10 dias antes e dizia adorar conversar. Aos 19 teria seu único filho, David, e a união com Phillip durou sete anos. Teve outros homens, mas suas grandes paixões foram mulheres, como a escritora Harriet Zwerling, com quem teve a primeira relação sexual aos 15 anos e com quem viveu em Paris e esteve envolvida em diversos momentos da vida, a atriz francesa Nicole Stéfane (que era uma nobre Rothschild), a coreógrafa Lucinda Childs, as escritoras Maria Irene Fornes e Eva Kollisch. A famosa fotógrafa Annie Leibowitz foi  a última parceira de Susan, ficando com ela até sua morte, em 2004, por câncer.  Mas Susan Sontag não pode ser mostrada em algumas linhas de palavras. Ela é um acervo de culturas e movimentos sociais (esteve em zonas de conflito e campos de batalha) e era uma admiradora de Machado de Assis. Um dos seus maiores temores era o de desaparecer, ter sua obra e feitos esquecidos. Impossível, Mrs. Sontag, e fica o agradecimento de quem a lê e redescobre sua inteligência.

HBORegarding Susan SontagSobre Susan SontagSusan Sontag
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Ranieri Rizza

Sou um jornalista apaixonado por cinema, assim como cultura em geral, comportamento, viagens e muitas outras coisas bacanas da vida. Quem me conhece sabe do olhar que tenho pelo novo sem deixar de lado a história que constrói o presente . Quem não ainda, convido para adentrar nesse mundo de ideias que valorizam a criação. Bem vindo ! Ranieri Rizza

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