E há meio século Gabo escrevia Cem Anos de Solidão

Se podemos ter a certeza do que alguém estava fazendo há exatos 50 anos, essa pessoa é Gabriel García Márquez (1927-2014 ). Afinal, Gabo, como o escritor colombiano era conhecido por seus amigos, passou todo o ano de 1966 mantendo uma rotina diária, em sua casa, na Cidade do México, escrevendo aquela que viria a ser a sua obra maior e um dos clássicos da literatura mundial, “Cem Anos de Solidão”. Ele terminou de redigir (criar) no final daquele ano e a primeira edição foi lançada em 30 de maio de 1967, em Buenos Aires. Da América Latina era feita uma revolução no imaginário da escrita. Nascia o chamado “realismo mágico” por meio das sete gerações da família Buendía e no povoado Macondo, com a doença da insônia, a chuva sem para de “quatro anos, onze meses e dois dias”, uma amnésia coletiva e todos os sentimentos que envolvem amor, ódio e poder.
“Cem Anos de Solidão” foi apresentado ao mundo na mesma semana em que era lançado o álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, álbum mítico dos Beatles. Revoluções escritas, sonoras e visuais. No Brasil, a ditadura sangrenta. A obra de García Márquez vira um líbelo com suas metáforas. A “república de bananas” ali está representada. A considerada segunda mais importante obra da literatura hispânica, depois de “Dom Quixote”, do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), formou uma geração de leitores. Eu a li quando tinha 15 anos. E escrevo esse post o relacionando a uma novela recém estreada novela que “bebe” nas referências de uma arte rastreada de memórias que trazem a verve de Gabo, de Glauber Rocha e do movimento tropicalista, entre outros. Baseado na feliz impressão do primeiro capítulo de “Velho Chico”, torço que a busca de compreensão supere o estranhamento ao formato – que não é novo na dramaturgia popular, mas deu espaço ao ignóbil. E Macondo se perpetua ! Sempre vale reler (ou ler) “Cem Anos de Solidão” e todas as outras obras de García Márquez.