Logo
  • Cinema
  • Comportamento
  • Gastronomia
  • Moda
  • Música
  • Personalidades
  • TV
  • Viagens

Uma história com Babenco

Faz alguns anos, eu estava no Kurotel, o festejado spa localizado em Gramado, na serra gaúcha, para o final de semana que celebrava o casamento da atriz Bianca Castanho, quando recebi a notícia da chegada da Bárbara Paz e do seu marido, o cineasta Hector Babenco. Já fui avisado que seria difícil falar com o Babenco. Bárbara já havia sido entrevistada por mim algumas vezes e eu estava por uma revista de celebridades, a exclusiva para cobrir a cerimônia e festa. Mas eu tremia por ser o Babenco, o cara que havia feito “O Rei da Noite” (seu primeiro longa) e que eu havia assistido no Cine Vogue, em uma das minhas “matadas” de aula para ir ao cinema, quando tinha 13 anos. Depois, é claro que como cinéfilo acompanhei seus memoráveis feitos na tela grande,  como o filme denúncia “Lúcio Flávio-O Passageiro da Agonia”, no auge de nossa sangrenta ditadura militar, “Pixote- A Lei do Mais Fraco” (não precisa acrescentar nada, né ?), “O Beijo da Mulher Aranha”, baseado na obra do Manuel Puig (leitura “obrigatória” naquela época, graças a Deus) que revelou Sônia Braga para o mercado internacional e contava com Raul Julia e William Hurt – Oscar de Melhor Ator por sua atuação, “Ironweed”, com Meryl Streep e Jack Nicholson,  “Brincando nos Campos do Senhor”, aqui, o que considero um marco no nosso cinema. Babenco era um argentino naturalizado brasileiro e reuniu um time all star – adoro essa expressão tão de época – e ao mesmo tempo cultuada, no meio da selva amazônica. Afinal, o que dizer de um filme que tem o roteiro -em conjunto com o Babenco – do Jean Claude Carrière (fez alguns Buñuel, babies) e comKathy Bates, Tom Berenger, Daryl Hannah, John Lithgow, Tom Waits (o incrível cara do qual escuto sua música enquanto aqui escrevo), Aidan Quinn e os nossos Stênio Garcia, José Dumont e Nélson Xavier. Tá bom ?

babenco daryl

John Lithgow e Daryl Hannah em “Brincando nos Campos do Senhor”.

 

Bem, voltemos ao mote da nossa história. Já a festa transcorrendo, encontrei (?) Babenco no jardim e lhe disse que não tinha como não deixar de falar, por mais clichê que pudesse parecer, da minha admiração por seus filmes. E que tudo começou à partir de “O Rei da Noite”. Vi Babenco ficar technicolor e me perguntar, “Mas você viu mesmo? E tão cedo em idade ?”. Minha resposta foi que sim, que passei a minha adolescência assistindo todos os filmes, mas com ênfase para obras brasileiras como essa protagonizada por Paulo José e Marília Pera e com atuações hilárias e inesquecíveis da Vic Militello e da Cristina Pereira. Babenco disse nunca nenhum jornalista ter citado “O Rei da Noite” para ele. Desde então foi gentilíssimo em nossa conversa e terminou a noite dançando com Bárbara (esplendorosa)  com a gravata atada na cabeça. No dia seguinte, ao me encontrar no café da manhã me abanou sorridente e me mandou um beijo com os dedos. Como ? Bárbara me disse que nunca o havia visto tão simpático. Fiquei com a proposta de um dia fazer uma longa matéria com Babenco. Conservarei na minha memória a feliz despedida daquela manhã no belo cenário do reservado desjejum do spa. Fade out!

Bárbara PazCinema nacionalHector BabencoMasterpieceMovieOscar
Compartilhe este post

Ranieri Rizza

Sou um jornalista apaixonado por cinema, assim como cultura em geral, comportamento, viagens e muitas outras coisas bacanas da vida. Quem me conhece sabe do olhar que tenho pelo novo sem deixar de lado a história que constrói o presente . Quem não ainda, convido para adentrar nesse mundo de ideias que valorizam a criação. Bem vindo ! Ranieri Rizza

Post relacionados

“Entrando” no circuito internacional

maio 24, 2016

“Pequeno Segredo” em campanha nos EUA para o Oscar

novembro 29, 2016

Uma escadaria, uma diva e Kiarostami !

julho 6, 2016
Comente! General

Deixe seu comentário. Cancelar resposta

 
Sou um jornalista apaixonado por cinema, assim como cultura em geral, comportamento, viagens e muitas outras coisas bacanas da vida. Quem me conhece sabe do olhar que tenho pelo novo sem deixar de lado a história que constrói o presente . Quem não ainda, convido para adentrar nesse mundo de ideias que valorizam a criação. Bem vindo ! Ranieri Rizza