Documentário/Cultura/Noite
Porto de Elis – Uma viagem à Diversidade da Arte, de Flávia Gazola, retorna ao icônico teatro-bar das décadas 80 e 90

O documentário Porto de Elis – Uma viagem à Diversidade da Arte, com produção executiva e direção de Flavia Gazola, roteiro de Renato Del Campão e desenho de som de Ricardo Severo, retrata um capítulo marcante da cena cultural de Porto Alegre, ganha pré-estreia para convidados nessa quinta-feira, 15 de maio, às 19h, na Cinemateca Paulo Amorim, na Casa de Cultura Mario Quintana. Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da Prefeitura de Caxias do Sul, a produção resgata a história de um espaço que marcou uma época de efervescência artística e social.
Situado nos altos da Avenida Protásio Alves, no bairro Petrópolis, o Porto de Elis funcionou como um teatro bar entre 1984 e 1994, período que coincide com o fim do regime militar e a abertura política no país. O espaço foi palco de uma cena vibrante, onde criatividade, cultura, descontração, cooperação e inclusão eram características predominantes. O doc revela o ambiente e as pessoas que frequentavam o local, incluindo referências à Rádio Ipanema, a Avenida Osvaldo Aranha e ao Bar Ocidente, que compunham um cenário único de diversidade.
Ao longo de sua existência, o Porto de Elis recebeu muitas bandas do rock gaúcho, quando muitas estavam começando sua trajetória naquele palco. O espaço atraía um público de todas as classes sociais, etnias, gêneros e matizes sexuais, numa atmosfera livre de julgamentos. Greice Gianukas lembra que lá apresentou a peça Não quero droga nenhuma e destaca: “não existia preconceitos”. O espetáculo foi um grande sucesso, levando o grupo a se apresentar nas principais capitais e levou Greice a um bem sucedido caminho de atriz. A cantora e compositora Adriana Calcanhoto também iniciou sua carreira no Porto de Elis, afirmando: “Eu fui me inventando com a invenção do Porto de Elis”.
O local foi responsável por revelar e promover nomes importantes, como Fernanda Abreu, Banda Luni, que tinha a atriz Marisa Orth nos vocais, Zélia Duncan, Dulce Quental, entre muitos outros, além de estrear produções inovadoras como Carrie, a Histérica, o primeiro besteirol do teatro gaúcho, e o grupo de dança Baletto, que revolucionou a cena de dança no Rio Grande do Sul. Ainda na época, Fernanda Chemale realizou sua primeira exposição fotográfica com imagens de rock e do projeto Segunda Sem Lei, uma iniciativa dos músicos Egisto Dal Santo e Claudio Calcanhoto que promovia acesso às diversas bandas de rock e tendências culturais.
O documentário também destaca a importância do VHS na democratização da produção audiovisual, além de mostrar como o Porto de Elis foi pioneiro na instalação do Primeiro Circuito Interno de TV em bar, onde Flavia Gazola produzia comerciais, shows interativos e vídeos de ficção, ampliando o alcance da cultura na época. Reconhecido nacionalmente por sua relevância, o Porto de Elis também influenciou a moda, os costumes e o comportamento em Caxias do Sul, com a abertura de uma filial, reunindo diferentes tribos e estilos, conforme relata o colunista João Pulita, do Jornal Pioneiro.
Após a apresentação da pré-estreia haverá acesso gratuito pelo canal do YouTube @medicaltv, reforçando a mensagem de que “cultura também é saúde”, segundo a diretora Flavia Gazola. No perfil do documentário no Instagram, @clubedoporto2025, é possível acompanhar notícias e trechos inéditos. O filme conta com a participação especial de Valéria Barcellos cantando a música tema, composta por Ricardo Severo.

Os Replicantes, Irmãos Heinz, Porto de Elis, 1990 © foto Fernanda Chemale

Nei Lisboa

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