EU
Ranieri Maia Rizza- A Self Profile

ATENÇÃO: ESSE TEXTO FALA SOBRE FATOS DA MINHA VIDA – ATÉ AGORA – QUE CONSIDERO RELEVANTES NA MINHA BAGAGEM PESSOAL À QUAL NÃO DESCARTO DA PROFISSIONAL. ALGUMAS SÃO SOFRIDAS PARA MIM, MUITO. MAS NÃO EXISTE AUTOCOMISERAÇÃO. FALO EM REFERÊNCIAS E PERGUNTO: COMO PODE UMA PESSOA VIVER SEM TE-LAS? FALTAM AQUI FATOS, MUITAS VIAGENS E EXPERIÊNCIAS, VIAGENS…FICO FELIZ POR TANTO…MAS ESTOU NO PRESENTE, PRONTO PRA MAIS!
Começar pelo início? Então, nasci em uma cidade na fronteira com o Uruguai, na campanha gaúcha, chamada Bagé. Em uma fazenda do governo, já que meu pai, Balthazar Rizza, nascido no Brasil e filho de um italiano, Giorgio, que veio para Pinheiro Machado, era funcionário federal do Ministério da Agricultura, e com ele, minha mãe, Quintina (o Maia do meu nome – uma fazendeira raiz pela família dela) e meus quatro irmãos, lá vivi por apenas seis meses, quando viemos para a capital, Porto Alegre. Ah, eu defino minha data de nascimento como “em algum lugar dos anos 60”. Então, na metade do meu primeiro ano de vida, eu estava morando no centro da cidade, em um apartamento vizinho ao Palácio do Governo, à Praça da Matriz e o Theatro São Pedro, sem ter consciência que passar a ser uma “criança de apartamento” e crescer indo à templos de cultura (como o São Pedro e salas de cinema) próximos à minha residência seria fundamental na minha vida pessoal e profissional. Ter como primeiras impressões a chegada do homem à lua e a cena pop do final daquela década me deram um início de vida diferente a de muitos meninos. Em vez de colorir à revista “Recreio” – símbolo infantil da época – eu lia à revistas como “Pop” e “Realidade“, destinadas a um público maior e adulto. Um dos meus primeiros desenhos minha mãe sempre guardou: uma mão ensanguentada para fora de uma banheira – certamente referência de um dos filmes de terror que eu assisti pela televisão. Em vez de se apavorar, ela sentiu orgulho, como me contou depois. Assim como quando eu estava com 10 anos ela foi chamada na minha escola porque eu retirava livros como “Cacau” e “Suor“, ambos do Jorge Amado. Disseram que não eram apropriados para a minha idade. Mamãe, mesmo que disfarçadamente, deve ter sorrido. De fato, eu não era um garoto igual aos outros!
Eu falo em referências no parágrafo acima, o que considero uma palavra-chave em minha trajetória. As literárias, iniciadas na infância com “Memórias de um Burro“, da Condessa de Ségur – clássico do século 19, a primeira obra por mim lida, seguidas por títulos de Jorge Amado e…Gore Vidal, calma…já no início da adolescência com o seu “A Cidade e o Pilar” – o que me fez entender que eu tinha vontades que eram normais mesmo sendo ditas como não (estamos na década de 70); na música – estou em um dos casarões antigos que existiam no Alto da Bronze com a Vera e a Tânia, minhas irmãs, a residência com porão labiríntico e andares acima é de uma amiga delas e caras de cabelo comprido tocam “It i Fell“, dos Beatles – o que me fez ficar louco pela banda (aí estou retrocedendo para o final dos 60) e logo vou me apaixonar pelas canções dos The Doors, devido à “Light My Fire“, depois viria Stevie Wonder de trancinhas no compacto que tem “You are the Sunshine of my life“…e depois, depois, depois…tudo sempre entremeado com as canções italianas que rodavam na eletrola da nossa sala. Nisso, uma quebra na tranquilidade suposta da vida da minha família. Estou com 11 anos e meu irmão Renato, lindo, esportista, com três anos a mais, começa a criar um mundo à parte e é diagnosticado esquizofrênico. Tudo muda e meu pai é transferido e voltamos para Bagé. Minha irmã Glaici já casou, Tânia está na faculdade e namora um cara de óculos com lentes que acusam uma miopia, calça boca de sino e cabelos longos, é claro. Vamos eu e Verinha, então com 15 anos, juntos com meus pais. Meu irmão passa a ser internado e fazer tratamentos em Porto Alegre, São Paulo e Buenos Aires. Eu passo a ter medo de que o próximo seja eu> Lembro das visitas às clínicas e saber que o Renato levava choques…Bagé em uma casa com jardim de inverno, pé direito altíssimo, portas pesadas, cachorros, gatos e a caturrita Rita. Poderíamos ser felizes, mas tinham as crises do meu irmão – que ficava mais em clínicas – sabíamos do clima da política dos anos de chumbo, algo que sem saber o porquê nos apavorava (depois descobriríamos) e eu e Vera odiávamos viver no interior. Queríamos o mundo !
Eu estudava inglês para entender os Stones, os Beatles sempre…e o planeta. Voltamos dois anos depois da ida para a fronteira. Porto Alegre de novo. Bairro Petrópolis e depois a casa no Menino Deus. Eletrola na sala, danças, descobertas, 11 cachorros, Dona Palmira Gobbi acolhendo os cães que pegávamos abandonados nas ruas, todos morando juntos, meu irmão fazendo psicoterapia (minha mãe coloca a maioria dos remédios que deixavam ele “panca” fora), conheço a casa do Caio Fernando Abreu (que morava em Londres e o “Ovo Apunhalado” era um sucesso) – uma amiga minha era colega da irmã dele – bicicleta de marcha, skate, Lomba da Hidráulica. Éramos felizes? Meu pai descobre que tem câncer no pulmão, sofre, Tânia aplica as morfinas nele, ela está para se formar na faculdade de enfermagem…Meu pai morre! Sofrimento sem fim ! Dívidas ! Vendemos a casa e vamos morar em um apê alugado mas estamos juntos. Glaici têm três filhos e Vera começou veterinária, trabalha com grifes famosas de moda e mora com o namorado. O intercâmbio não vai mais acontecer, faço 16 e vou trabalhar com assessoria fiscal, advogados. Mãe. Matriarca telúrica diz que vamos ter tudo e muito mais. Trabalho, estudo e saio todas as noites. Conheço bailarinos como o ícone Lennie Dale, atores, músicos…Enfim a cena do final dos 70 quase rompendo os 80…
Então, a emblemática década irrompe! Com 17 anos vou cursar Ciências Sociais na UFRGS. Então, trabalho, estudo, passo a dançar enlouquecidamente jazz – essa paixão pelos passos ficaram para as pistas e hoje a exercito em casa. Larguei a sociologia, mas sempre ligado à vida cultural. Ensaiei fazer teatro, ser ator. Não passei da primeira peça…experimental. O cinema sempre foi um marco presente. Quando bem criança, junto com meus irmãos, ia à salas como Imperial, Guarani, Cacique, Capitólio…Em Bagé, havia um cineclube e eu não perdia filmes como os de Robert Altman, Antonioni, Bertolucci – eu burlava a censura e ia. Muitas vezes não entendia nada, mas adorava. Já crescidinho e compreendendo a tudo ia aos ciclos do Baltimore, Bristol, sessões da meia-noite como as do ABC. Então, não tinha como fugir. Fiz vestibular na Famecos – PUCRS e fui o sétimo colocado em Jornalismo. Terminei o curso em 1990 e trabalhava na assessoria de imprensa da Prefeitura de Porto Alegre. Meu trabalho de conclusão foi ‘O Surrealismo e a Obra de Luis Buñuel“, já que sempre fui fascinado pela filmografia do cineasta aragonês e o único que se enquadra no movimento surrealista. Eu havia estudado arte e nela o movimento dadaísta, criado por Tristàn Tzara, base para o surrealismo. Minha banca valia ouro pois foi composta pelos mestres Aníbal Damasceno Ferreira, Carlos Gerbase – com quem vim a trabalhar depois em diversos filmes – e Celso Schroeder. Aí, jornalista formado, fui contratado pela RBS. Não fiquei na Zero Hora e fui para o Jornal Pioneiro, que a RBS recém havia comprado, em Caxias do Sul. Editoria de cultura. Escrevia sobre cinema, teatro, música, celebridades, comportamento e artes plásticas. Comecei a fazer cobertura do Festival de Cinema de Gramado, estava no meu chão. Fui interino da coluna social do João Pulita – um grande amigo até hoje e intelectual -a qual considero transformadora no gênero. A RBS foi e é muito importante no meu jornalismo. A ética que eu tanto valorizo ali estava. Dei o “start” com entrevistas com personalidades que eu admirava desde menino: Norma Benguell, Water Hugo Khoury (através de quem conheci ´il maestro’ Antonioni), Elliot Gould, Amy Irving, Gina Lollobrigida, Fernando Solanas…e muitos e muitos. Fiz a cobertura de “O Quatrilho“, do Fabio Barreto, durante toda a filmagem na serra gaúcha, com textos para a ZH e outros veículos do grupo. E assim foi por quatro anos. Mas o vínculo com a empresa nunca se desfez, já que como assessor de imprensa sempre contei com o apoio de seus profissionais.
Retornei para Porto Alegre e um dos meus primeiros trabalhos foi em conjunto com minha amiga jornalista Fernanda Carvalho Garcia no grandioso show “Jose Carreras nas Missões“, quando o tenor espanhol se apresentou nas ruínas de nossas Missões Jesuíticas. Sucesso total e entre assessorias nunca parei de escrever. Entenda-se que nos 80 ainda cursei Cultural Cervantes, aqui com o Antônio Aladrèn e também na Espanha (Madrid). Também fiz a estreia, aquela que havia planejado lá atrás, em Nova York ! Desde então incontáveis assessorias e êxitos e reportagens nacionais e internacionais para veículos como agências de fora do Brasil, Folha de S. Paulo, Quem, Revista Vida, Mais, Exclusive Brasil -Mundo, Versatille (de São Paulo), assim como Revista de Cinema, de arquitetura e decoração (todas da Editora Escala, como Casa & Decoração; DCasa) e matérias de turismo de locais como Punta Del Este (diversas publicações), Buenos Aires, locais do Brasil como Cambará do Sul – Cânions – Chapadas Diamantina, dos Guimarães, dos Veadeiros – Lençois Maranhenses, Amazônia, Peru, Colômbia, Panamá , Caribe, México, Chile, Patagônia Chilena – Cruzeiro de navio Patagônia Chilena ao Ushuaia – Deserto do Atacama – Portugal – Itália – Holanda – Inglaterra – Estados Unidos – França – Em Paris fiz diversos trabalhos o que me fez ficar tipo mais de uma década viajando anualmente. Após minha primeira viagem pela Itália, estudei o idioma por cinco anos no Centro Ítalo-Brasileiro e na Associação Cultural Italiana do RS, onde me graduei e depois passe uma temporada em Florença.
Estive no mercado editorial de celebridades (Caras) por 16 anos – o que fiz com muito respeito e ética – à época o mercado não era visto de início com bons olhos e muitos profissionais me diziam que pelo meu preparo poderia ser “rotulado”. Fiz grandes amigos e nunca fiz um texto sensacionalista sobre a vida pessoal de uma personalidade – me foquei no profissional. Fiz o Parador Caras, em PDE, e a Villa de Caras, durante o Festival de Cinema de Gramado. Sou grato! Também, como empresa, fiz festivais de cinema em diversos Estados e Exterior. Em 2018, cuidei da minha mãe, que logo veio a falecer> Minha irmã Tânia, enfermeira e professora universitária da área, pesquisadora e tradutora, foi diagnosticada com Lúpus e uma sucessão de doenças autoimunes decorrentes. Ficou anos em tratamento e nos seus últimos quatro parou de caminhar. Me dediquei à ela que contava com um exército de médicos de diversas áreas da saúde. Faleceu em 2023. A Vera, a mais jovem das mulheres, mudou-se para minha casa para auxiliar com a Tânia, foi descoberto um câncer e morreu em 2022> Procurei ser forte, mas sucumbi a uma depressão severa que após um tratamento psiquiátrico me fez voltar mais forte. Tenho a minha irmã mais velha, sobrinhos netos e cuido do meu irmão esquizofrênico, o Renato. Hoje, sou responsável pelo bem estar dele e estou no mercado de trabalho a mil! Considerem isso, tudo isso, todas as referências (palavra-chave). Nosso passado ajuda a compreender o futuro e faz o agora – presente!
Estou ao dispor para assessorias nas diversas áreas, assim como no meu site. Falem comigo!
Ranieri Rizza – Jornalista Mtb 7356
Meu fone: (51) 98194-4954

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