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Bailei na Curva, clássico do teatro gaúcho, completa 41 anos e ganha sessão com debate especial em Caxias do Sul

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Pertencente a história da dramaturgia moderna do Rio Grande do Sul e expandida pelo país, a peça “Bailei na Curva“, de Júlio Conte, chega à Caxias do Sul, no próximo dia 7 de setembro, sábado às 19h, no UCS Teatro. E esse ano é muito especial, já que o espetáculo completa 41 anos em cartaz e com muito sucesso, assim como o retorno de Júlio à sua terra natal. “Voltar para Caxias sempre me faz bem. Morei até os oito anos em Forqueta, depois nos mudamos para Porto Alegre. Como Forqueta ainda não era um bairro, mas uma vila longe da cidade, Caxias sempre representou uma fonte de curiosidade e receio, uma aventura que incluía cinemas com filmes grandiosos, lojas cheias de novidades e restaurantes de comida farta. Eu frequentava a casa dos tios e primos, era um espetáculo. Caxias sempre será uma vertigem das descobertas e uma aventura emocional”, declara ele, que também é psicanalista e – junto com sua colega de profissão Barbara de Souza Conte -participará, após a apresentação de um de debate sobre os temas centrais abordados na peça e a importância da arte como forma de expressão. O evento é uma realização do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre/Serra (CEPdePA/Serra).

 

Bailei na Curva” estreou em 1983 e naquele ano foi vencedor no  Prêmio Açorianos. Ali começou a levar multidões a teatros do RS e outros estados do Brasil, o que sempre se mantêm nessas quatro décadas. A temática do espetáculo aborda a ditadura militar brasileira e o roteiro, construído a muitas mãos, acompanha o crescimento de sete crianças durante os anos de chumbo, mesclando as fases históricas do período com as fases vividas por elas em suas vidas pessoais. A canção “Horizontes”, composta por Flávio Bicca Rocha de modo especial para o espetáculo tornou-se uma espécie de hino alternativo da capital do Rio Grande do Sul. “⁠Embora em algum lugar profundamente labiríntico dentro de si, se sonhe com alguma coisa que represente uma vitória sobre a morte, dificilmente um criador tem noção da extensão do que cria. Uma obra de arte é como um filho, tem vida própria. envolve um filho com um manto de sonhos onde as possibilidades e os desejos se multiplicam, de fato, não se tem a mínima ideia de onde a vida pode nos levar. E sonhar é a parte que nos cabe e nos define. A digital humana está no sonho que nos move. A multiplicidade de fatores possíveis e impossíveis gera eventos complexos que expandem o determinismo para mais e muito além. Dentro do pensamento real e determinista é possível que Bailei na Curva não existisse. Mas aconteceu. Felizmente, o mundo é bem maior e nos surpreende a cada momento. Captar cada eternidade do instante é o desafio ao enfrentar os paradoxos da vida em si”, define Júlio, que considera que cada apresentação é como uma sessão de análise, diz algo novo e produz um salto no desconhecido. “Toda vez que a peça acontece no palco, novas sensações e lembranças inéditas sobrevêm, emoções tomam o campo e elaborações se realizam. A peça evolui dentro e fora como estética teatral e psíquica, como obra de arte, espetáculo, força social, criação de novas perspectivas, releitura da história que, juntos, deságuam em fontes de crescimento emocional. A psicanálise fala em algum lugar labiríntico no qual enfrentam-se os ‘minotauros’ e, deste embate, ou deciframos ou sucumbimos”, finaliza.

 

Bailei na Curva” mostra a trajetória de sete crianças, vizinhas na mesma rua, em abril de 1964. Como pano de fundo, impõe-se uma forte realidade. Um golpe militar num país democrático da América Latina. A peça desenha, ao mesmo tempo, um quadro divertido e implacável da realidade. Divertido sob o ponto de vista da pureza e ingenuidade das personagens que, durante sua trajetória, enfrentam as transformações do final da infância, adolescência e juventude. E implacável graças às consequências de um Golpe Militar que se reflete na vida adulta desses personagens. Durante o desenvolvimento da história, vai se desenhando um painel dos usos, costumes e pensamentos da sociedade brasileira na segunda metade do século XX. As brincadeiras de colégio, as aulas de educação sexual, as matinês no cinema, as reuniões dançantes nas garagens, os namoros no carro – uma juventude que opta pela guerrilha e clandestinidade em contraste à outra juventude que abraça as drogas e cai na estrada e, finalmente, adultos que optam pelas conquistas individuais em contraponto àqueles que lutam para resgatar as memórias dos “anos de chumbo” – uma geração que encontra sua maturidade nos movimentos de Anistia e Abertura Política e que encerra todas as suas esperanças no mandato de Tancredo Neves para Presidente da República.

O elenco é composto por Ana Paula Schneider, Catharina Conte, Eduardo Mendonça, Guilherme Barcelos, Laura Leão, Leonardo Barison, Manoela WunderlichSaulo Aquino.

Realização: Cômica Cultural Escola e Produtora de Teatro

Classificação: 12 anos

Duração: 120 minutos

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